O casamento de Tito e Ana em Linhó, Sintra
Ao ar livre Outono Laranja 6 profissionais
T&A
12 Nov, 2016A crónica do nosso casamento
Era uma vez uma princesa que nunca quis sê-lo. Posso resumir assim a forma como me senti no dia em que me casei. O “nunca digas nunca” começou logo na escolha do vestido, que ao contrário do que sempre supus recaiu sobre um modelo branco longo com saia de tule. Com as sabrinas ouro-rosa que haveriam de ser os meus sapatos de Cinderela estava composto o meu look de “noiva-bailarina” (para o casamento que teria como tema a dança). Apesar de ter pensado em algo mais simples, estava encantada com todas as opções, que me pareciam românticas e harmoniosas entre si.
No grande dia, o Tito, então meu noivo, saiu de casa cedo a fim de ir pendurar uma placa de madeira que tínhamos pintado para indicar a entrada da quinta; só depois se iria arranjar em casa dos pais. Eu fiquei na casa que já partilhávamos a tomar duche e a certificar-me de que levava tudo para a quinta quando o meu pai aparecesse. Acontece que ele, fiel a si próprio, se atrasou 45 minutos para me ir buscar e levar à quinta, onde me iria arranjar. Argumentou que as noivas chegavam sempre atrasadas, eu enervei-me e disse-lhe que, se me tivesse esquecido de alguma coisa pela correria em que saí de casa, a culpa seria dele. A verdade é que acabou por compensar o atraso no caminho e que cheguei à quinta pouco depois da minha amiga Rita Fialho, que iria maquilhar-me. Com uma energia positiva e uma tranquilidade como poucas, era a pessoa ideal para me acompanhar no dia que se adivinhava de grande ansiedade, mas que até acabou por não ser.
Continuar a ler »A partir do momento em que nos instalámos junto a uma linda janela em arco, senti que estava em boas mãos e podia finalmente relaxar. Chegaram o fotógrafo e a cabeleireira e toda a produção decorreu tão serenamente que maquilhadora e cabeleireira me elegeram a noiva mais zen de sempre. A verdade é que nem o facto de me ter queimado no ferro do cabelo me fez estremecer! Afinal, já me queimei trinta vezes na cozinha! Era eu, aliás, que acalmava as outras pessoas, em especial a minha fada-madrinha, que haveria de chegar mais tarde, de coração apertado. De tão nervosa que estava, a Marta não conseguia pensar com clareza: pediu a um amigo que guardasse as minhas tralhas no carro do noivo (que seguiria para a noite de núpcias), dando-lhe também o chapéu-de-chuva que eu tinha comprado de propósito para o dia C e a pochete com o dinheiro para pagar aos fornecedores! Enfim, numa boa, eu revi tudo mentalmente e pedi ao rapaz que voltasse ao carro para me trazer a pochete.
A D. Luísa, dona da empresa de catering, que nos acompanhou desde o início à laia de mestre de cerimónias, foi ao anexo onde nos encontrávamos entregar-me o ramo de noiva que a florista mandou de véspera juntamente com as flores para a decoração. A questão das flores, essa sim, tinha-me feito estremecer na véspera do casamento quando, à noitinha, a florista me telefonou a dizer que tinha enviado o carregamento, mas que tinha feito a decoração do copo-de-água totalmente diferente da que tínhamos combinado. Tenho a sensação de que fiquei sem pinga de sangue por uns segundos, quis saber porquê, afinal como ficou e respirei fundo. Já não havia nada a fazer, os arranjos estariam bonitos com certeza e não ia deixar que a cor das flores estragasse a nossa felicidade!
Entretanto a tal D. Luísa ía-me mantendo ao corrente da previsão meteorológica, que apontava chuva para pouco depois do início da cerimónia civil que tínhamos pensado fazer ao ar livre. Nem assim fiquei ansiosa: sabia que havia uma tenda menor que serviria de plano B em caso de mau tempo. Claro que teria pena de perder o cenário maravilhoso da quinta por que nos apaixonámos desde o primeiro dia, por isso decidi arriscar casar no exterior, junto a um enorme lago. Então, a nossa mestre de cerimónias mandou servir uns aperitivos enquanto eu me preparava, o que foi muito bem pensado, pois apenas tinha tomado o pequeno almoço em casa e só viria a comer depois da cerimónia e das fotografias. A mesma senhora avisou que a conservadora tinha chegado e não passavam mais de um ou dois minutos da hora marcada quando eu saí do dito anexo. Estava reconfortada em todos os aspetos, feliz com o resultado da produção e tão apaixonada que parecia flutuar.
Assim que saí, vi os meninos das alianças (1 menina e 2 meninos) com os olhos a brilhar de entusiasmo. Beijei-os, elogiei-os e percebi que queriam pegar-me na cauda do vestido, queriam ajudar-me em tudo, uns queridos! A escolha das roupinhas deles tinha sido a maior dificuldade dos preparativos, porque eu me esqueci que as meninas de 6 anos têm querer e rejeitam tudo o que não seja cor-de-rosa com brilhantes. Ao fim de muitas tentativas, lá conseguimos conciliar o nosso gosto com o dela e arranjar roupinhas para os três primos a condizer. Todos os esforços valeram a pena: os meninos estavam lindos a abrir-me o caminho enquanto o pai do noivo tocava a Marcha Nupcial no piano. Quando, já pelo braço do meu pai, comecei a ouvir a música e vi os convidados formados a olhar para mim, senti o que é ser noiva. Tinha o peito tão cheio que quase me faltava o ar e não conseguia parar de sorrir (de tal modo que os dentes me secavam, numa sensação que eu desconhecia e de que tenho até algum pudor em falar)!
Percorri a lindíssima alameda de tílias até chegar à meia-lua que dá para o lago. A decoração estava exatamente como queríamos, embora naquela altura eu só visse o noivo! Ele estava radiante e com um ar babado, mas notava-se-lhe o nervosismo, que se tornou mais evidente quando se enganou no meu nome e todos nos rimos. Não o censuro, afinal eram já seis nomes antes de adotar o apelido dele.
Já casados, levámos um banho de pétalas, beijos e abraços. Não chorei, mas não consegui conter um beicinho ao ver uma prima da minha mãe que fez um esforço enorme para estar presente apesar das limitações de saúde. A falta da minha mãe naquele dia não me entristeceu, senti-a presente em mim e na pregadeira dela que usei. Sentia-me bonita como nunca julguei possível e a mulher mais sortuda do mundo por ter um homem maravilhoso por marido e amigos que nos estimam tanto.
Feitos os cumprimentos, deixámos os convidados no cocktail e fomos os dois tirar fotografias, aproveitando o pouco tempo de luz que nos restava. Foi ótimo estar “a sós” com o Tito enquanto o fotógrafo captava a nossa interação; não gostávamos da ideia de uma sessão fotográfica mecânica. Ainda conseguimos tirar fotografias com grupos de familiares e amigos até se esgotar a luz. Mal provámos os acepipes, mas o que cada um comeu estava muito bom. Falámos com uns convidados mais próximos até que começou a pingar, o que precipitou um pouco a entrada na tenda e o início do jantar. A chuva tinha-se aguentado, mas não faltou para nos vir abençoar!
A comida estava toda deliciosa, mas eu começava a perceber que era mais cedo do que o previsto e que estava combinado com os músicos: ou teríamos um hiato entre o jantar e o concerto ou a festa acabaria muito cedo. Sem stress de maior, chamei o chefe de sala e pedi-lhe que servissem um pouco mais devagar. A refeição prosseguia, entrecortada por brindes e sinais de afeto e boa disposição, mas sem grandes euforias. Algumas das crianças não largavam a mesa presidencial: queriam ver-me melhor, tocar no meu vestido, fazer perguntas sobre beijos na boca, por isso eu estava distraída quando a avó do noivo, já bastante debilitada, se sentiu mal. O meu sogro, que é médico, deu-lhe a devida atenção e achou por bem levá-la a casa, só que estava combinado ele e o meu pai fazerem um pequeno discurso. O dele teria um tom cómico e o do meu pai mais emotivo, pois incluía um poema de amor escrito pela minha falecida mãe. Sem o meu sogro presente, tivemos de saltar os discursos, o que até foi do agrado do meu pai, que tinha medo de se comover à frente daquela gente toda… O mais complicado é que não queríamos abrir a pista antes de o meu sogro regressar, para ele não perder a valsa. Afinal, seria o grande momento da noite! Uns convidados levantavam-se para ir ao buffet de frutas, queijos e doces, outros iam terminando a refeição e levantavam-se para falar com pessoas de outras mesas. Estavam todos entretidos e bem-dispostos, mas eu estava a ficar aflita com aquela mudança de planos. Parecia que o meu sogro demorava uma eternidade e que nós tínhamos os convivas “pendurados”. Uns primos meus vieram despedir-se porque a filha tinha de estudar para um exame, e foi então que o Tito teve o que me pareceu uma ideia genial: antecipar o arremesso do bouquet! Pedimos à banda que rufasse os tambores e eu atirei o bouquet direitinho para as mãos da minha prima Carolina, que tinha de estudar para o dito exame. É certo que foi para casa mais cedo, mas com mais um ramo de noiva para a sua coleção (foi o terceiro que apanhou)!
O meu sogro chegou e pudemos abrir a pista com a valsa (“When I need you”) em que nos esmerámos. Apesar de ter pisado o meu próprio vestido umas quantas vezes, ninguém notou e fizemos um figurão. Houve até uma parte em que o Tito se ajoelhou e todos gritaram e bateram palmas… Foi lindo! Depois da valsa, começámos a dançar jaive juntos e depois separámo-nos e fomos puxar outras pessoas para dançar connosco. Estava aberta a pista! A banda de rock foi a chave para animar a festa. Além de tocarem temas dos anos 60, 70 e 80 que puseram miúdos e graúdos a dançar, chamaram-me para cantar com umas amigas e ao Tito com uns amigos, alteraram e dedicaram uma música a uma septuagenária que não parou de dançar, etc. Foi giríssimo!
Tínhamos música de dança gravada para quando a banda terminasse o espetáculo, mas no final do concerto, que coincidiu com o fim do bar aberto, as pessoas começaram naturalmente a sair. Enquanto nos despedíamos, conseguimos espreitar o que nos tinham escrito e as polaroid que tinham colado no livro de honra; “autografámos” os marcadores das mesas para os familiares e amigos mais próximos levarem como recordação e delegámos no pai e na irmã do noivo a tarefa de ir buscar os nossos pertencentes à quinta no dia seguinte.
A única coisa que não tinha surtido o efeito desejado tinha sido o baú dos adereços para o photobooth. Achávamos que todos iriam divertir-se a tirar fotos com tutus de ballet, grandes afros a lembrar a kizomba, plumas do foxtrot dos anos 20, etc, mas as crianças apoderaram-se daquela zona, mantendo os adultos quase todos arredados da brincadeira.
Acabou por ser tudo muito mais maravilhoso do que alguma vez imaginámos: de estilo sóbrio e romântico, sem excessos comportamentais a reportar, mas com muita animação. Posto isto, programar tudo e trabalhar afincadamente até ao fim é importante e é bom, mas é ainda mais importante conseguir relaxar e fruir do dia (mesmo que não corra tudo como idealizámos!), gozar os mimos e gozarem-se um ao outro, durante o casamento e depois. Nós saímos da quinta entre as 2 e as 3h da manhã e fomos passar a noite de núpcias na Fortaleza do Guincho… O final perfeito para um verdadeiro conto de fadas!
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